Picassos e Machados

Para alguns, eram somentes vagabundos e baderneiros, provavelmente mimados e em plena fase rebelde da juventude. Para outros, mais perceptivos, eram o futuro de um mundo. Os atos que praticavam eram considerados crimes, pelo ponto-de-vista da lei. Mas qualquer um de alma pura e honesta podia ver a verdadeira razão e a beleza de tal desordem social. Não eram vinculados a qualquer ideologia política, muito menos a alguma moda ou estilo de vida. Simplesmente eram eles mesmos. Não cultuavam um ídolo ou uma pessoa, mas sim, um modo de agir único e natural, com nenhuma interferência do sistema. Ah! Maldito Sistema...
Para a dupla, o Sistema era o culpado de tudo. Qualquer acontecimento divulgado na mídia era uma obra do Sistema. O poder pertencente a ele, era comparado ao de Deus, do modo religioso. Embora pudesse parecer, o problema em derrotar o Sistema não era o seu poder, mas a sua distribuição.
A força do Sistema não era centralizada. Como teias de uma aranha, a rede de controle do "Grande Poderoso" estava distribuída pelo mundo. Haviam suas sedes regionais, que concentravam o poder de um determinado local, mas não havia um centro que controlava todas as sedes. Por isso eles agiam de maneira caótica. Não queriam chamar a atenção por agir em um certo lugar. Seria estúpido demais. O Sistema não perdoa. Mesmo estando de viagem, eles sentiam o perigo rondando. Os cães estavam na cola deles.
Em suma, somente buscavam a verdadeira, e natural, liberdade. Uma liberdade tão pura e tão perfeita, que nem Adão e Eva tiveram. Queriam ensinar às pessoas como pensar, como agir, como viver de forma ética e respeitosa. Uma liberdade comparada a um leão em plena savana. Para isso, deveriam quebrar o sistema. Acabar com qualquer mostra de controle na sociedade. Mesmo a menor das demonstrações deveria ser erradicada, pois isso levaria a um efeito dominó, que traria todos os problemas de volta. Os atentados "terroristas" nada mais eram que obras de grande valor de alguns Picassos e Machados contemporâneos. Só precisavam de compreensão. Só...

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