Prova de amor

O quarto fétido e úmido não escondia o que havia acontecido naquela noite. Ambos ali sabiam o que tinha ocorrido, mas ninguém iria comentar. O amor, o calor, as almas ligadas, o fracasso, a despedida, o rancor... Tudo ainda ardia no peito dele, enquanto ela, mais fria que o comum, descansava. Os pensamentos dele fluíam. Imaginava um futuro melhor. Casamento, um emprego decente, uma grande casa com um belo pátio, o carro do ano, e acima de tudo, o amor da sua vida ao seu lado, todos os dias. Iriam viver felizes para sempre, até a morte os unir.
Aquele calor infernal o fez tomar um banho. Realmente, precisava tirar aquele fedor, e relaxar lhe caía muito bem no momento. Ligou o chuveiro e deixou a água escorrer pelo seu corpo. Ela ainda dormia, profundamente.
Ainda no banho, sentiu um forte calafrio. Um vento gelado parecia lhe cortar as costas. Tremeu. Detestava essa sensação.
Terminou de se lavar, secou-se e vestiu-se. Logo que saiu do banheiro, percebeu que o cheiro havia sumido. A porta do quarto continuava trancada, mas a janela estava escancarada. O que lhe assustou não foi a janela ou a falta do corpo, muito menos o sangue que jorrava da sua jugular no momento em que ela o atacava. O que mais lhe assustou foi ver seu amor lhe dar um último beijo, de despedida, e assistir tudo abraçada ao seu corpo, enquanto ele iniciava seu descanso eterno.

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