Capítulo V - Pax Romana ao som da boa música


Rockstar é o grande sonho de muitos garotos (ou ao menos era até a década de 80/90). Hoje em dia, com essa mania das bandas quererem o estrelato sem a qualidade, esse sonho vem se perdendo. A mídia em si, influência, e muito, isso. Mas isso é papo pra outra hora...
Eu era um desses que não queriam aparecer na TV ou ganhar fama internacional, com um monte de pequenas pré-adolescentes chorando e fingindo que entendem de música. Não, eu não queria. Buscava a essência dos verdadeiros músicos. Agradar ao público de forma que agradasse a mim mesmo. Imaginava capas polêmicas, apresentações criativas, maneiras de interagir e chamar a atenção da platéia. Tudo isso com uma música com letras temáticas, que ensinassem o público algo.
Naquela época, me sentia mal com o mundo ao meu redor. O que eram aquelas pessoas estranhas e suas roupas coloridas. O que elas queriam passar de bom. Quem elas queriam ser enfim? Odiava pessoas desse tipo, mas diferente da maioria, sabia reconhecer o caráter de cada um e não generalizar totalmente. Sabia que era tudo questão de modismo, e por isso me irritava. Nunca me imaginei ao lado daquele estilo "inovador".
Certo dia, por via da internet, conquistei uma banda, com quem ensaiava semanalmente. Os caras eram gente fina, tocavam direitinho, mas o estilo deles era o meu medo. Quer dizer, eu não conhecia os caras, não sabia em qual mundo eles viviam.  Ensaiávamos nacionais, em geral. Os caras eram dedicados demais. Corriam atrás da perfeição. Tinham vontade de conseguir algo com o que tinham, mas faltava um baterista. Eu, em meio àquela confusão, aceitei.  "Vai saber... vai que dá certo isso aí...”
E dava certo...
Os caras sabiam compor, sabiam cantar, tinham animação, vontade, instrumentos, tempo, popularidade... Tudo o que era necessário pra uma banda sair da garagem.
Desde então ensaiávamos, como dizia, semanalmente. Tocávamos covers e de vez quando a gente criava alguma melodia pra alguma letra. Meu papel, basicamente, era colocar o ritmo em cada música, a força, a raiva, os sentimentos mais brutos e naturais da humanidade.  Só tinha um problema nisso tudo. Eles eram apressados. Conseguiram um "show" depois de alguns 5 ou 6 ensaios. Quer dizer, era de boa fé conseguir uma apresentação, mas não tão rápido. Precisávamos de umas 10 músicas para tocar, e só conseguimos umas 5 por completo.
Agora tínhamos que correr atrás do tempo perdido. Tínhamos uma semana pra aprender o que faltava e aperfeiçoar o que sabiam. E eu "rezava" para tudo sair certo. Essa pressa marota se tornaria comum nessas relações “música-público”.

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