Paranóia. Uma palavra pesada, é verdade, mas resume exatamente o que ele tinha. Além da desconfiança, anda perdido, desiludido, fraco. O medo é óbvio, mas não precisa escancarar por aí. Quem sabe ele ainda é aquele garotinho, com medo de escuro e de vampiro? É aquele garotinho que continua a sonhar, vendo ninjas pulando de prédio em prédio, carros explodindo e pessoas virando zumbi. Quer dizer, o garotinho de mente doentia.
Ele só pensava de forma diferente de todos. Agia de forma diferente. Gostava das coisas diferentes. Nunca se enquadrou no perfil social. Estranho não? Nascido de uma família onde tinha tudo pra se meter no modismo, decidiu seguir sua forma de vida. Se lhe diziam pra fazer A, fazia B. Se lhe diziam pra falar assim, falava assado. Achava tão divertido agir assim, que se acostumou com o tempo e esqueceu-se do verdadeiro motivo. Aquela maldição a lhe perseguir.
Passaram-se os anos, conheceu novos mundos, novas pessoas, novas influências. Aprendi que a vida não é um moranguinho, e que o individuo é maior do que parece. Ego não inflamou, mas evoluiu. Descobriu que nada era do jeito que achava, mas era só distorcer um pouco, que tudo ficava melhor. Quem sabe a vida é não sonhar? Quem sabe a vida é mais do que ilusão? Não queria pensar assim, mas acabei pensando. Talvez devesse aprender a controlar meus reflexos. Agir de forma diferente do que o costume. Assim seria bom pra ele. Assim seria bom pra mim. Mas nem eu, e nem ele, e nem nós, conseguimos isso. Continuamos a viver louca e desenfreadamente dessa forma. Desvairada. Imaginativa. Fabricada. Eu sou ele, ele é eu, nós somos eles, eles são eu. Que se foda o que eles dirão, só importa o que eu penso.
A diferença traz a inovação, a evolução, a rotulação e a hierarquização da subjetividade. Ah, quem dera fosse tão fácil mudar o mundo...
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